Todos
nós ficamos admirados em ver músicos que conseguem “tirar de ouvido” qualquer hino,
acompanhar um irmão (ã) que toca sem nem mesmo ter estudado a partitura ou
improvisar de forma interessante dentro de determinada linguagem musical.
O que há em comum nessas
atividades? Um ouvido bem treinado e a correlação entre o conhecimento técnico
e o que o músico ouve.
Um
músico bem desenvolvido consegue “ouvir” internamente os sons antes mesmo de
executá-los, da mesma forma que um leitor consegue “ouvir” as palavras que lê,
sem que tenha que pronunciá-las. Essa habilidade pode ser inata – o chamado
“ouvido absoluto” – ou adquirida por meio de treinamento, o que leva ao chamado
“ouvido relativo”.
A maioria das pessoas é
capaz de ouvir os sons produzidos pelos instrumentos musicais, mas identificar
e registrar seus atributos depende de um conhecimento prévio de certos
elementos teóricos.
Uma boa definição de
percepção musical é “a capacidade de perceber as ondas
sonoras como parte de uma linguagem musical”. A percepção musical,
portanto, é uma habilidade importantíssima, essencial para o desenvolvimento do
musicista completo pois, como se trata de uma linguagem, é preciso que ele aprenda
a ouvir, reproduzir e escrever música.
Assim
como as letras são as células essenciais para a leitura e a escrita, elementos
musicais isolados se agrupam para formar padrões com significado. As escalas,
os acordes, o campo harmônico, as funções que os acordes praticam no fraseado,
cadências e encadeamentos têm de ser percebidos pelo músico e praticados para
que o reconhecimento seja instantâneo.
Isso cria uma biblioteca de
padrões que, quando ouvidos, são reconhecidos facilmente, permitindo ao músico reproduzi-los
ou registrá-los.
Mas
se engana quem pensa que dominar auditivamente esses elementos é tarefa fácil:
o binômio “ouvir/reconhecer” leva tempo. É um processo gradativo que depende de
paciência.
“Primeiramente, há o
contato com o fenômeno sonoro. Aprendemos a percebê-lo se o colocarmos em foco
e estabelecermos comparações. Em seguida temos que nos familiarizar com o
objeto em questão. Finalmente, estudá-lo, dissecá-lo, catalogar e compreender
seus elementos é imprescindível para chegarmos à última fase, a do
especialista”, explica o maestro e professor de percepção Reinaldo Garrido
Russo.
Algumas técnicas são
reconhecidamente mais eficazes para o domínio dessa atividade. Sem dúvidas, é
necessário, primeiramente, saber teoria musical e conhecer os elementos
estruturais da música, como notas, escalas, acordes e intervalos, além de
divisão de tempos, como escrevê-los e como executá-los no instrumento.
De posse desses
conhecimentos, uma boa maneira de desenvolver a percepção musical é por meio da
memorização. Criar analogias entre dados conhecidos, como as notas iniciais de
uma melodia e quais intervalos elas formam, por exemplo, é uma ótima maneira de
desenvolver o ouvido relativo. Com o domínio desse arquivo sonoro na memória, o
músico pode ouvir determinado elemento – seja um intervalo, uma frase musical
ou um acorde – e compará-lo ao que já conhece, fazendo a relação entre o que
ouve e o que memorizou, o que possibilita identificá-lo.
Da
mesma forma que uma pessoa consegue identificar o barulho do motor de seu
automóvel ou o toque de chamada de seu celular, por estar habituada a ouvir
esses sons e saber de onde emanam, é possível a qualquer músico memorizar desde
o som das notas a padrões mais complexos, como escalas e acordes. Para isso, é
aconselhável um estudo dirigido, que insira novos elementos a partir do domínio
dos anteriores.
A boa percepção, na maior
parte das vezes, é um processo que fazemos quando somos orientados por alguém
inteirado com o objeto percebido.
Espero que tenha gostado dessa dica.
Deus abençoe.
Fernando Marques.
Espero que tenha gostado dessa dica.
Deus abençoe.
Fernando Marques.